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William John Bankes e Kingston Lacy

Atualizado: 21 de jan.

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William John Bankes e Kingston Lacy - História em Destaque

William John Bankes (1786-1855) por Sir George Hayter. ©National Trust Images/Angelo Hornak. Divulgação.


William John Bankes foi um colecionador de arte e antiguidades da Grã-Bretanha do século XIX, famoso por suas extravagâncias. Ele acumulou obras de arte e objetos antigos em sua propriedade rural, a Kingston Lacy, em Dorset. Bankes foi um dos pioneiros no estudo do Egito Antigo, deixando sua marca no surgimento da história da egiptologia.



Kingston Lacy

A história da propriedade de Kingston Lacy está ligada à família Woodley, que era escravagista e conseguiu entrar na classe latifundiária através do casamento com a família Bankes.

 

Tudo começou quando William Woodley (1728 – 1793) casou-se com Frances Payne (1738 – 1813) em 1758. Woodley era governador colonial das ilhas Leeward e proprietário de escravos, com plantações na ilha de São Cristóvão, no Caribe. A jovem Frances Payne era irmã do agricultor e dono de escravos de São Cristóvão, Ralph Payne. Por meio de seus filhos, eles buscaram constituir conexões com família donas de terras estabelecidas na Grã-Bretanha. Foi em meio a esses conchavos que William Woodley e Frances Payne casaram sua filha, a jovem Frances Woodley (1760 – 1823), com Henry Bankes (1757 – 1834) – representando claramente esse tipo de aliança.



Um casamento favorável

No passado, o casamento de Wiliam Woodley e Frances Payne fortaleceu os laços escravistas no Caribe, já o casamento de sua filha Frances Woodley com Henry Bankes forjou uma aliança com uma família proprietária de terras na Grã-Bretanha.

 

O histórico político de Henry nem sempre foi favorável a interesses como os da família de sua esposa. Ele tinha uma amizade muito forte com William Wilberforce (1759 – 1833), uma figura importante no abolicionismo na Grã-Bretanha. Henry, por diversas vezes, votou a favor da abolição.



Frances Woodley tinha um importante e extenso dote, provavelmente as reformas em Kingston Lacy fizeram parte do acordo de casamento, embora novas pesquisas estejam sendo realizadas para entender melhor tudo isso.


O herdeiro

O casal Henry e Frances tiveram seis filhos, incluindo William John Bankes, que nasceu em 1786, em uma família aristocrata cuja riqueza lhe permitiu satisfazer suas paixões: viajar e colecionar. Ele se formou pela Universidade de Cambridge, e era amigo de figuras como Lorde Byron e o Duque de Wellington. John atuou por muitos anos como parlamentar conservador.



A escravidão foi abolida em 1833 nas colônias da Grã-Bretanha. Em 1836, john pediu uma indenização sem sucesso ao governo inglês como administrador de 172 pessoas escravizadas em São Cristóvão.


Em 1834, John herdou Kindston Lacy e foi responsável pela contínua decoração do palácio. John Bankes teve que fugir da Inglaterra após uma condenação por homossexualidade em 1841, e passaria o resto de sua vida no exterior. Mas o exílio não o impediu de continuar a colecionar e decorar sua propriedade em Kingston Lacy, enviando suas novas aquisições para a Inglaterra até a sua morte em 1855, em Veneza.


Uma paixão pelo Egito

John realizou várias viagens para a Europa e Oriente Próximo, principalmente o Egito. Ele navegou pelo Nilo até o atual Sudão, e explorou diversos locais antigos.



Quando ele deixou o Egito havia reunido uma importante coleção de antiguidades egípcias, bem como notas, desenhos e aquarelas, muitos feitos por ele, outros por artistas a seu serviço.


Construindo uma coleção

John se tornou um extraordinário egiptólogo, acumulou a maior coleção de antiguidades egípcias em mãos privadas na Grã-Bretanha. Ele viajou entre 1815 e 1819 pelo Egito e Oriente Próximo, contratando artistas para registrar cerca de 100 sítios e organizar vários objetos para a Kinsgton Lacy.



Sua grande coleção inclui o obelisco de Philae que originalmente ficava fora do Templo de Ísis na ilha de Philae, mas agora está no jardim de Kingston Lacy. O obelisco foi trazido para Dorset com a ajuda do italiano Giovanni Belzoni (1778 – 1823), figura importante na escavação e transporte de monumentos e artefatos egípcios para coleções na Europa.


Seguindo o gosto antiquário da época, grande parte das antiguidades de Bankes não estavam expostas em armário, e sim, tornaram-se parte integrante da arquitetura e paisagem da propriedade.



Um passeio pelos jardins exuberantes de Kingston Lacy e o turista pode contemplar um obelisco egípcio original datado do século II a.C., e o sarcófago monumental de um egípcio chamado Amenemope, do século XIII a.C., que ainda decoram os jardins.


Mais do que uma galeria de pinturas

O Kingston Lacy é frequentemente associado à coleção internacional de pinturas, talvez seja menos conhecida por abrigar uma magnífica coleção de móveis da Índia e do Sri Lanka. Não há registros de como esses móveis foram adquiridos, mas, nos mostram como famílias nobres, como os Bankes, se diferenciaram das outras por meio de aquisição e móveis de luxo produzidos no exterior.


Os móveis de Kingston Lacy produzidos na Índia e no Sri Lanka são representações de uma cultura material dos séculos XVIII e XIX que foi impactada pela influência dos comerciantes europeus e pela invasão colonialista.



O magnífico gabinete de Visakhapatnam, que fica no quarto sudeste, é um exemplo de móveis embutidos em marfim, uma especialidade dos artesãos de Visakhapatnam na costa da Índia. A forma do gabinete é europeia, mas a decoração é de caráter puramente indiano. Não está claro como ele chegou a Kingston Lacy.


No Grande Salão há vários móveis de assento de cana e ébano maciço esculpidos no Sri Lanka. Durante esse período no Sri Lanka era comumente feito com padrões de móveis ingleses.


O legado de William John Bankes como colecionador e estudioso

A coleção de arte e antiguidades de William John Bankes permanecem em Kingston Lacy, mas seus manuscritos de viagem estão agora no Dorset History Center.



Essa coleção provou ser de enorme importância para os pesquisadores de egiptologia. Os papéis muitas vezes documentaram monumentos e locais egípcios que atualmente desapareceram por destruição ou saque.



Fonte: National Trust

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