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Stalin: Morte e Psicose

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Stalin: Morte e Psicose - História em Destaque

Corpo de Stalin durante funeral em março de 1953, após sua morte.


Em 5 de março de 1953, morreu Joseph Stalin, presidente do Conselho de Ministros e secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética. Stalin foi um ditador que governou com mão de ferro a União Soviética por quase 30 anos. Pessoas em todo o mundo consideravam Stalin um líder infalível, pai de todos os povos. No entanto, ele foi um tirano que massacrou e assassinou seu povo sem piedade.



O historiador David Vseviov escreveu:

"Joseph Stalin morreu em 5 de março de 1953. Milhões de cidadãos soviéticos ficaram profundamente tristes com a perda de seu grande líder e pai da nação."


Este artigo descreve como as pessoas reagiram historicamente à morte do ditador Stalin, a perda de seu ídolo; para essas pessoas, a morte de Stalin foi o mesmo que o colapso de seu mundo e um golpe mortal.


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Segundo os contemporâneos, uma parte significativa da população foi tomada pelo choque. Após a morte de Stalin, alguns afirmam que ocorreu um aumento significativo de doenças cardíacas e do sistema nervoso em todo o país, mas não há dados específicos. De certa forma, isso é compreensível.



Como todos os canais de mídia anunciavam constantemente que Stalin era um gênio e nunca estava errado, milhões de pessoas o viam como um defensor e uma esperança. Muitos dos fanáticos cresceram durante a era Stalin e não imaginavam outra pessoa como líder.




"Stalin não existe mais. Não pode fazer nada, tudo está desmoronando. Choro o tempo todo", escreveu um aluno em seu diário. Um homem também escreveu: "É o fim. Os americanos vão nos conquistar". As publicações oficiais enfatizavam que a morte de Stalin foi um evento fatal, aumentando tais sentimentos nas mentes das pessoas comuns.


Imediatamente a morte de Stalin, o autor das letras dos hinos do estado soviético e russo, Sergey Mikhalkov, escreveu que estava com o coração partido, pois não poderia empresta-lhe "cada batimento cardíaco e respiração". Os agentes soviéticos registravam frequentemente a causa da morte de pessoas que desagradavam o Estado como "tendo sido completamente devastadas pela morte do camarada Stalin", ou "eles cometeram suicídio".



Embora o ditador Stalin de 74 anos tivesse desmaiado dias antes, foi apenas em 4 de março que a informação oficial foi divulgada sobre o seu estado de saúde. Até então, os seguidores "fieis" de Stalin haviam planejado as futuras relações de poder. O anúncio oficial sobre o estado de saúde do líder soviético não deixou esperança.


Dois dias depois, foi anunciada a morte de Joseph Stalin no Pravda, resumindo a reação oficial – toda a nação estava de luto. Centenas de milhares de pessoas choravam e gritavam com a perda do tirando: "O que vai acontecer conosco?" e "Quem vai cuidar de nós agora?"



"As pessoas cresceram, se casaram, se divorciaram, deram à luz, envelheceram e morreram – tudo isso aconteceu sob a imagem de Stalin. Havia muito o que chorar. Todos perguntavam como viver sem Stalin. E ninguém sabia a resposta", escreveu o poeta Joseph Brodsky.


Ele também descreveu o sentimento predominante naqueles dias: "Eu tinha treze anos. Eu estava na escola; eles nos conduziram todos para o salão de da assembleia, ordenaram que ficássemos de joelhos, e a secretária da organização do partido... torceu as mãos e gritou para nós do palco: 'Chorai crianças, chorai! Stalin morreu!' E ela mesma foi a primeira a começar a lamentar-se".


Nem sempre, essa tristeza era sincera. Até mesmo algumas autoridades estaduais fingiam sofrimento, pois tinham conhecimento de que Stalin estava organizando outro expurgo ("a trama dos médicos assassinos"), e tinham total ciência de que a espada já estava pairando sobre suas cabeças.



O famoso violinista David Oistrakh e outros músicos foram convidados para tocar no Pillar Hall na ocasião. Oistrakh relembra que "uma mesa foi posta para os artistas nos bastidores para que pudessem descansar e se alimentar".


Demonstrar algo próximo de alegria ou satisfação com a morte de Stalin na rua era algo muito grave. Ouve muitas reclamações às forças de segurança sobre pessoas expressando satisfação ou alegria.


Por todo o país havia preparações para as cerimônias em homenagem ao líder falecido. Estavam sendo organizadas reuniões de luto em todas as regiões e o funeral em Moscou. Na Casa dos Sindicatos, local onde estava o corpo de Stalin, as pessoas lotavam as ruas, esperando a aberturas das portas para que pudessem prestar as últimas homenagens ao líder falecido.



Na manhã de segunda-feira, 9 de março de 1953, aconteceu a cerimônia fúnebre. Na ocasião, cerca de dois milhões de pessoas haviam prestado homenagem ao ditador comunista. No segundo dia de luto, apenas as delegações oficiais tiveram permissão para entrar no Pillar Hall.


As ruas de Moscou estavam cheias de gente durante o funeral de Stalin - História em Destaque

As ruas de Moscou estavam cheias de gente durante o funeral de Stalin. Foto: Wikipédia Commons.


Na noite de domingo, uma enorme multidão se reuniu no centro de Moscou, tentando prestar suas últimas homenagens a Stalin. As áreas externas da cidade ficaram abertas, mas os oficiais fecharam o centro com caminhões, de forma que as pessoas que estavam dentro ficaram presas e não puderam sair.


A Memorial Society, atualmente fechada pelas autoridades russas, vinha reunindo memórias de pessoas, que graças a uma sorte, escaparam da morte naquele dia. Essas histórias horríveis sobre o destino de pessoas reais, sevem para mostrar a falta de apresso que o estado soviético tinha por seus cidadãos.



Nenhuma das autoridades estaduais ou municipais fez algo para evitar a catástrofe, impedindo que mais pessoas chegassem. Não houve investigação e nem o número de mortos e feridos foi estabelecido nessa tragédia. Diversas fontes estimaram um número de pessoas pisoteadas até a morte, variando de cem a milhares.


Testemunhas oculares relataram que os corpos esmagados forma levados em caminhões para fora da cidade para serem enterrados em uma vala comum. Entre as vítimas estavam pessoas que se recuperaram e clamaram por ajuda, mas foram transportados com os mortos. Eles poderiam ter sido salvos, mas as ambulâncias não puderam socorrê-los, pois as ruas centrais estavam interditadas. Ninguém se preocupou com os feridos; eles foram deixados para morrer.



Em 18 de maio de 1896, ocorreu uma tragédia semelhante no Campo Khodynka, em Moscou, durante as festividades da coroação do último imperador da Rússia. Durante a distribuição de presentes, uma multidão correu para tentar pegar os brindes. Cerca de 1.389 pessoas morreram e 1.301 ficaram feridas.


A família do czar visitou os feridos nos hospitais e as famílias das vítimas receberam apoio financeiro. As autoridades soviéticas, no entanto, esconderam completamente a sua tragédia.


"Além dos milhões que Stalin matou em sua vida, ele também levou em sua morte", escreveu Liliana Lungina, que testemunhou os eventos.



Bibliografia

COMMUNIST CRIMES. Stalin: Death and Psychosis. 2 março de 2022. Disponível em: https://communistcrimes.org/en/stalin-death-and-psychosis. Acesso em: 7 dezembro de 2023.




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