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Relíquias afegãs têm futuro ameaçado com a ascensão do Talibã


Relíquias afegãs têm futuro ameaçado com a ascensão do Talibã - História em Destaque

Soldados do Talibã. Imagem Pixabay.


Há uma grande preocupação de que o Talibã volte a dominar o Afeganistão. Após a retirada das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) do país, há um temor de que a região volte a viver uma guerra civil, provocando o colapso do governo apoiado pelos Estados Unidos e a escalada do regime Talibã.


O ano de 2001, final do controle do Talibã sobre o Afeganistão, foi marcado por eventos brutais, como a explosão das estátuas de Buda, conhecidas como Budas de Bamiyan, e destruição de objetos do Museu Nacional de Cabul. Os principais alvos do Talibã foram vestígios pré-islâmicos no Afeganistão. Recentemente o Talibã – autodenominado Emirado Islâmico do Afeganistão – garantiu respeitar a história do país. Surpreendentemente, os líderes talibãs instruíram seus seguidores a “proteger, monitorar e preservar” as relíquias e proteger “todos os locais históricos”.



Segundo o comunicado do líder Haibatullah Ajundzada, será proibido a venda de artefatos no mercado de arte. “Ninguém deve perturbar a ordem nesses locais ou pensar em usá-los com fins lucrativos”. Quanto a ideia de o Talibã ter mudado de comportamento, o chefe do Instituto de Arqueologia do Afeganistão, Noor Agha Noori, diz está cético quanto à ideia. “Para ser honesto, estamos muito preocupados com o futuro do patrimônio cultural afegão caso o Talibã retome o poder”, declara ele.


Mohammad Fahim Rahimi, diretor do Museu Nacional de Cabul, não acredita que o comportamento do grupo tenha mudado. “Infelizmente a declaração não é clara o suficiente, especialmente no que diz respeito à herança pré-islâmica. Todos sabem o que aconteceu com a coleção de artefatos durante a guerra civil e, em 2001”.


Outros pesquisadores acreditam que às negociações entre o Talibã e o governo afegão são necessárias para proteger o passado da nação, parte fundamental de um futuro acordo de paz. A declaração feita em fevereiro pode sinaliza um comprometimento com essa questão. O representante da ARCH em Cabul, Nasratullah Hewadwall, disse que, “é um passo muito importante”, e observou ainda que, em 2020, o Talibã repudiou a destruição dos Budas de Bamiyan, fato ocorrido em 2001.



Desde a chegada de Alexandre, o Grande e de seu famoso casamento com uma princesa afegã, o Afeganistão atrai mercadores, peregrinos e exércitos. O país foi uma parte importante da Rota da Seda, ligando a Índia com o Irã e com a China. A região possui diversos mosteiros, cidades antigas e hospedarias que abrigavam viajantes, como o famoso explorador Marco Polo, a caminho da corte de Kublai Khan.


Grande parte dos especialistas concorda que o caos é um perigo ainda maior do que uma ascensão ao poder do Talibã. “Os nossos receios não são tanto sobre uma possível ameaça representada pelo Talibã, mas pela probabilidade de ruptura da lei e da ordem”, afirmou Jolyon Leslie. A desordem já está instaurada, principalmente nas regiões rurais do país. A instabilidade e alianças políticas em constante mudança aceitaram que saqueadores roubassem artefatos, que eram contrabandeados para mercados de arte, como em Dubai. Os principais alvos dos ataques de saqueadores foram os templos budistas, em sua grande maioria abarrotados de estátuas valiosas.



Parte de uma extensa coleção pertencente a um revendedor de arte de Nova York foi devolvida ao Afeganistão. São mais de 33 artefatos avaliados em U$ 1,8 milhão de dólares. “Essas obras recuperadas são peças insubstituíveis da rica história do Afeganistão”, afirmou a embaixadora afegã Roya Rahmani na cerimônia de repatriamento, em Nova York. “É uma grande honra poder ajudar no retorno desses artefatos ao Afeganistão”.



Fonte: National Geographic

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