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Osso sugere que ancestrais humanos andavam eretos há 7 milhões de anos

Atualizado: 25 de jan. de 2023

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Crânio do Sahelanthropus tchadensis - História em Destaque

Crânio do Sahelanthropus tchadensis. (CC BY-NC-SA 3.0 BR).


Especialistas acreditam que o primeiro bípede da linhagem humana pode ter sido o Sahelanthropus, mas os pesquisadores dizem que mais evidências são necessárias. Parte de um fêmur e dois ossos do antebraço encontrados no deserto de Djurab, no Chade, indicam que nossa linhagem pode ter andado na vertical há 7 milhões de anos. Essa descoberta sugere que a espécie conhecida como Sahelanthropus tchadensis andava sobre duas pernas, além de passar algum tempo nas árvores, segundo um novo estudo publicado em 24 de agosto na Nature.


Uma descoberta de que a criatura andou ereta significaria que andar ereto foi uma das primeiras características a distinguir a nossa linhagem, que divergiu dos chimpanzés nessa época. Essa seria uma “enorme” descoberta, diz Daniel E. Lieberman, paleoantropólogo da Universidade de Harvard que não participou do novo estudo. Mas o pedaço de osso do fóssil não tem as duas extremidades.


O mundo conheceu o Sahelanthropus pela primeira vez em 2001, quando pesquisadores descobriram seu crânio incrivelmente intacto. O crânio foi apelidado de Toumaï pelo paleontólogo Michel Brunet, da Universidade de Poitiers, um nome que significa “esperança de vida” na língua local Daza.


Quando os pesquisadores encontraram o crânio, mais parecia de um macaco africano, mas seus dentes sugeriam algo diferente – seus caninos eram semelhantes aos de hominídeos posteriores, ou membros da família humana. A forma da abertura na base do crânio indicava que o Sahelanthropus equilibrava a cabeça no topo de um pescoço vertical, assemelhando-se aos caminhantes eretos, como os humanos de hoje.


Mas um único crânio não poderia provar que uma espécie andou de pé. Para isso, os pesquisadores precisavam encontrar as pernas, e foi o que aconteceu em 2004, quando uma estudante de mestrado em Poitiers, Aude Bergeret, localizou o eixo de um fêmur e um osso do braço em uma gaveta repleta de fósseis de animais “indeterminados” pela equipe que encontrou o crânio. A estudante alertou seu conselheiro, que identificou o osso como sendo de um primata. Apenas em 2017, uma análise séria seria realizada, quando Guillaume Daver, um especialista em ossos pós-cranianos, começou a estudá-los em parceria com o paleoantropólogo de Poitiers, Franck Guy.



Para esse novo estudo, a equipe de pesquisadores franceses e chadianos usou vários métodos para analisar a estrutura interna e externa de mais de 20 traços nos ossos. Ao comparar essas características entre macacos e hominídeos vivos e fósseis, eles descobriram que a orientação na base do fêmur e o achatamento da parte superior se assemelhavam aos dos hominídeos, ou membros da linhagem humana. A equipe relatou a Nature que o estudo revelou também a densidade do osso que estava dentro da faixa dos hominídeos, indicando que sofreu forças de carga compatíveis com o andar ereto.


Dois ossos do braço e um osso da perna pertencentes a Sahelanthropus tchadensis - História em Destaque

Dois ossos do braço e um osso da perna pertencentes a Sahelanthropus tchadensis. FRANCK GUY/PALEVOPRIM/CNRS/UNIVERSIDADE DE POITIERS. Divulgação.


Guy explica que não houve “traço mágico”, foi o “padrão total de características” que apontou para o bipedismo. Se for verdade, o Sahelanthropus teria andando verticalmente pelas florestas que circundam o antigo Lago Chade mais de 1 milhão de anos antes dos primeiros hominídeos bípedes conhecidos.


Ainda que o Sahelanthropus andasse em duas pernas, dois ossos do antebraço revelaram que a espécie passava boa parte do tempo nas árvores, onde provavelmente era mais seguro contra predadores.


De acordo com Chris Ruff, morfologista funcional da Universidade Johns Hopkins, “a evidência é compatível com a bipedidade”, mas não há prova. Pesquisadores dizem que será necessário mais trabalho para provar que o Sahelanthropus realmente andava ereto.


O fêmur é muito importante porque data de uma época em que nossos ancestrais eram muito parecidos com macacos africanos, mas seguiram caminho diferente da linhagem que levava aos chimpanzés. A paleoantropóloga Carol Ward, da Universidade de Missouri, Columbia, explica que “em algum momento os hominídeos se tornam bípedes, mas exatamente como e quando essa transição ocorreu é uma das questões mais interessantes e importantes sobre nossa linhagem”.



Fonte: Science

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