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Os Arianos: povos nórdicos e germânicos

Atualizado: 20 de abr. de 2023

Artigo


Imagem de um homem germânico - História em Destaque

O conceito de linhagem “mais pura” dos seres humanos surgiu no século XIX, mas está atualmente desacreditado. A raça ariana seria supostamente constituída apenas por indivíduos altos, fortes, inteligentes e brancos, e representaria uma raça superior às demais. A palavra “ariano” é uma derivação de arya (“nobre”, em sânscrito) e serviu para denominar um povo de origem controversa. Segundo o historiador Robert Rozett, da biblioteca Yad Vashem, em Israel, os arianos não são uma raça, e sim um grupo linguístico, conhecido como indo-europeu. O diplomata e escritor francês conde de Gobineau sugeriu o conceito de “raça ariana”, defendendo a superioridade de brancos sobre negros, semitas e amarelos.



Foram classificados por Gobineau como “arianos” os povos nórdicos e germânicos, que segundo ele, representavam o auge da civilização, e responsáveis por todo o progresso da humanidade ao longo do tempo. As suas ideias tiveram grande aceitação na Europa da época. Esse conceito foi assimilado pelo Partido Nazista e por Adolf Hítler na Alemanha do século XX, servindo de inspiração para a política de extermínio de judeus e outros grupos considerados “não-arianos”. O conceito de Gobineau foi repudiado pelos antropólogos após a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Segundo alguns estudiosos, o conceito de raça não pode ser aplicado aos humanos, mas no século XIX, acreditava-se que os seres humanos poderiam ser classificados em raças de acordo com sua característica física.


Os arianos não são originários da Europa, como se pensava. Diversos pesquisadores consideram os arianos um grupo linguístico, e não uma raça. Eles seriam um povo da pré-história conhecidos como indo-europeus, possivelmente originários da Ásia Central. A sua migração para o sul e para o oeste teve início por volta de 1800 a.C. Assim, chegaram à Europa e a regiões que hoje são parte do norte da Índia, do Afeganistão e do Irã. Em persa antigo o nome Irã significa “terra dos arianos”.



A palavra ariano tem uma longa história. Inicialmente, foi usada para mencionar grupos que falavam várias línguas relacionadas, como as línguas europeias e muitas asiáticas. Com o passar do tempo, a palavra ganhou novos significados. No final do século XIX e início do século XX, alguns intelectuais transformaram os arianos em uma “raça” superior a todas as outras. Na Alemanha Nazista, houve a promoção desse falso conhecimento que glorificava o povo alemão como parte da “raça ariana”, enquanto caluniava judeus, negros, roma e sinti (ciganos) como “não-arianos”.


O termo ariano foi usado inicialmente pelos nazistas para definir quem pertencia à sociedade alemã ou não. A palavra ariano é um forte exemplo de como palavras originadas como termos para descrever conceitos visivelmente neutros podem ser adaptadas, manipuladas e radicalizadas para propósitos ideológicos ou aterrorizantes.


No século XIX, intelectuais europeus usaram o termo ariano para determinar os povos indo-europeus ou indo-germânicos que estavam situados por toda a Índia, Pérsia (Irã) e Europa a milhares de anos atrás. Da mesma forma, estudiosos europeus também identificaram judeus e árabes como semitas, descrevendo semelhanças entre o árabe, o hebraico e outra línguas relacionadas. Mais tarde, escritores como o francês Arthur Gobineau (1816 – 1882) utilizaram o termo ariano para especificar uma categoria racial.



No início do século XX, muitos outros estudiosos seguiram usando o termo ariano com um grupo racial. O pensador Houston Stewart Chamberlain (1855 – 1927), difundiram a ideia de superioridade da raça ariana com relação a outros grupos de pessoas.


Na década de 1920, início do Partido Nazista, seu líder Adolf Hitler e os ideólogos do Nacional Socialismo promoveram esse conceito de superioridade ariana. Para adequação a sua ideologia e suas políticas, os nazistas adaptaram, manipularam e radicalizaram a falsa crença na existência de uma “raça ariana” e sua superioridade. Os oficiais nazistas usaram o conceito como base para sua ideia que os alemães pertenciam a uma “raça superior”. Eles também especificaram que, em especial os judeus, eram “não ariano”, e identificados como a principal ameaça racial à sociedade alemã. Esse termo também foi aplicado aos roma e sinti (ciganos), assim como a negros.


Na Alemanha nazista, após a nomeação de Hitler como Chanceler em 1933, o termo ariano foi utilizado em várias áreas da vida pública, inclusive na legislação. A “Lei para a Restauração do Serviço Civil Profissional”, foi a primeira lei a revogar os direitos dos cidadãos. Em 7 de abril de 1933, foi criada a Lei da Função Pública, que incluía a cláusula conhecida como Arierparagraph (Parágrafo Ariano), usado para excluir judeus (e por extensão outros “não arianos”) de profissões, organizações e outros aspectos da vida pública. Um trecho da lei afirma que “Funcionários públicos que não são de ascendência ariana devem ser afastados”. Instituições, incluindo as privadas ou religiosas, seguiram o exemplo, adicionando uma cláusula ariana para adesão.



Segundo o Decreto da Função Pública, um alemão poderia ser considerado como “não ariano” se um dos avós fosse judeu. Ficou definido nas leis raciais de Nuremberg de setembro de 1935 forneceram uma definição jurídica restrita do termo judeu. Os judeus “de sangue puro” eram aqueles que tinham três ou quatro avós judeus.


As pessoas precisavam rastrear sua ancestralidade até 1800 ou, para oficiais da SS, até 1750, para comprovar seu status racial “ariano”. Vários genealogistas foram contratados para pesquisar sinagogas, igrejas e organizações oficiais de estatísticas vitais à procura de registros de nascimento, de batismo e certidões de óbito. Após toda essa pesquisa, as informações apuradas eram submetidas ao Escritório do Reich para análise de parentesco.


Os cientistas raciais deixaram de usar os termos ariano e não ariano na legislação após a aprovação das leis raciais de Nuremberg. Em vez disso, eles passaram a usar a frase “aqueles de sangue alemão ou relacionado.” Os indivíduos de “sangue relacionado” eram descendentes de europeus. Wilhelm Frick, Ministro do Interior, afirmou que os poloneses e dinamarqueses que viviam na Alemanha eram de sangue relacionado. Segundo a termologia nazista, os negros, judeus e ciganos eram considerados “não europeus”. Esses grupos foram proibidos de se tornarem cidadãos alemães, e impedidos de ter relações sexuais ou se casar com “pessoas de sangue alemão ou relacionado”.



Apesar das brutais perseguições dos nazistas, os poloneses, russos e alguns outros eslavos foram considerados “arianos”. Além do termo ariano ser usado como substantivo, a palavra também foi usada como um adjetivo que sugeria o “não judeu”. Como exemplo, temos a parte de Varsóvia fora do gueto judeu localizado na Alemanha que era popularmente conhecida como “o lado ariano”.


O termo ariano servia de base para outro termo: Arisierung (“Arianização”). Esse termo foi usado para confiscar e transferir negócios e propriedades judaicas para não judeus na Alemanha nazista e partes da Europa ocupada pelos alemães.



Fonte: Encyclopedia USHMM



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