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Narmer: O último faraó do período pré-dinástico

Atualizado: 26 de set.


Narmer: O último faraó do período pré-dinástico - História em Destaque

Detalhe da Paleta de Narmer. (Domínio Público).


Narmer foi o primeiro faraó que unificou o Egito pacificamente no início do Primeiro Período Dinástico (c. 3150 – 2613 a.C.). Ele é visto por alguns pesquisadores como o último rei do período pré-dinástico antes da ascensão de um rei chamado Menes, que unificou o país por meio da conquista. No entanto, o surgimento de um rei chamado Mene é bastante problemático e com poucas evidências arqueológicas que sustente a sua existência, enquanto Narmer é muito citado no registro arqueológico. O egiptólogo Flinders Petrie (1853 – 1942) afirmou que Narmer e Menes eram dois nomes que designavam uma mesma pessoa; "Narmer era seu nome, e Menes um título honorífico".



Esta mesma afirmação se aplica a outro faraó chamado Hor-Aha (c. 3100 a.C.), também associado a Menes. Hor-Aha foi o segundo rei da Primeira Dinastia, que também teria unido o Egito sob um governo central. Se Hor-Aha unificou o Alto e o Baixo Egito, então, ‘Menes’ era apenas um título honorífico, significando “aquele que persevera”. Alguns pesquisadores afirmam que a unificação do Egito só ocorreu realmente no reinado de Quenerés ou Cassequemui (c. 2680 a.C.), último rei da Segunda Dinastia e pai do rei Djoser que iniciou a Terceira Dinastia. No entanto, há evidências claras de que o faraó Den (c. 2990 – 2940 a.C.) usava uma coroa do Alto e Baixo Egito, indicando a unificação sob seu reinado. A Paleta de Narmer mostra com a mesma clareza o rei Narmer usando uma coroa de guerra do Alto Egito e a coroa vermelha do Baixo Egito, indicando que a unificação ocorreu pela primeira vez sob seu comando.



O estudioso Douglas J. Brewer explica que o processo de unificação foi “lento e estimulado pelo crescimento econômico”. Provavelmente, o Alto Egito era mais próspero e sua riqueza permitiu a incorporação sistemática das terras do Baixo Egito ao longo do tempo. Se o rei foi Narme ou outro nome, o importante é que este faraó criou a base para o surgimento de uma das maiores civilizações do mundo antigo.


A Paleta de Narmer

A Paleta de Narmer é uma gravura em forma de escudo, com pouco mais de 64 cm de altura, representando Narmer conquistando seus inimigos e unindo o Alto e Baixo Egito. Na paleta estão alguns dos primeiros hieróglifos encontrados até hoje. A paleta foi entalhada em siltito, comumente usada para cerimônias no Primeiro Período Dinástico do Egito, e conta a história da conquista de Narmer em c. 3150 a.C.


Paleta de Narmer [dois lados] - História em Destaque

Paleta de Narmer [dois lados]. Domínio Público.


Este artefato contém hieróglifos em ambos os lados: no anverso (fig. A), o faraó Narmer aparece usando a coroa branca do Alto Egito (hedjet) – a figura do governante toma quase toda a cena. Ele está com sua arma (uma espécie de porrete) de guerra, prestes a golpear um inimigo, que ele segura pelos cabelos. Atrás de Narmer seu servo portador de sandálias o espera. Na parte inferior da paleta, aparecem dois indivíduos mortos ou fingindo para escapar de sua ira. A sua frente e acima de sua vítima está o deus Hórus, retratado cuidando e abençoando sua vitória; no reverso (fig. B), Narmer aparece usando a coroa vermelha do Baixo Egito (deshret). A próxima cena apresenta dois homens enroscando os pescoços de criaturas desconhecidas, interpretadas como representações do Alto e Baixo Egito, mas ninguém conseguiu interpretar de forma conclusiva qual o significado desta seção. Abaixo das criaturas está um touro (representando o rei) derrubando as muralhas de uma cidade com seus chifres e, com os cascos, pisoteia seus inimigos.



No topo da paleta estão gravadas – de ambos os lados – cabeças de touro, que alguns pesquisadores interpretam como cabeças de vaca – uma representação da deusa Hathor. No entanto, a interpretação mais aceita é de que sejam cabeças de touro, simbolizando a força e a vitalidade do governante.


Macehead de Narmer

O Macehead de Narmer é um artefato de calcário bem preservado com o nome de Horus Narmer em alto-relevo. O objeto foi descoberto por arqueólogos durante escavações em Hieracômpolis entre 1897/98, junto com a Paleta de Narmer. A Macehead está atualmente no Ashmolean em Oxford. Alguns acreditam que o registro retrata a conquista do Baixo Egito por Narmer, enquanto outros o veem com um objeto puramente ritualístico.


Macehead de Horus Narmer. Museu Ashmolean (Oxford).


Na cena central, um governante, identificado como Horus Narmer, usando a coroa Vermelha, está sentado em uma plataforma elevada. Um pássaro, possivelmente uma representação da deusa Nekhbet (padroeira do Alto Egito), estende suas asas sobre o governante em um gesto de proteção.



O reinado de Narmer em um Egito unificado

Antes do reinado de Narmer o Egito foi dividido entre Alto Egito (ao sul) e Baixo Egito (ao norte). O Alto Egito era mais desenvolvido, com cidades como Hieracômpolis, Naqda e Tinis, que se desenvolveram rapidamente. O Baixo Egito era mais rural, com grandes campos férteis que se estendiam ao longo do Nilo. Após o início do comércio com outras culturas e civilizações, o Alto Egito teve um aumento importante no desenvolvimento, levando a região a conquistar seu vizinho, provavelmente para obter grãos e outras culturas agrícolas para alimentar a crescente população e/ou para o comércio.



Quando Narmer se tornou rei do Alto e Baixo Egito, ele se casou com a princesa Neithhotep de Naqada em uma aliança para fortalecer os laços entre as duas cidades. A tumba de Neithhotep, descoberta em 1987, era ricamente elaborada, sugerindo que ela possa ter governado após a morte de seu marido Narmer.


O faraó liderou expedições militares através da região do Baixo Egito para reprimir as várias rebeliões. Narmer expandiu seu território para Canaã (antiga região entre o mar Mediterrâneo e o mar Morto) e Núbia. Durante seu governo, ele aumentou a urbanização com vários projetos de construção e desenvolveu as práticas religiosas, iconografia e símbolos, como o Djed (pilar de quatro camadas que representa a estabilidade) e o Ankh (símbolo da vida).



Os egípcios nunca conseguiram desenvolver suas cidades na magnitude das cidades da Mesopotâmia, provavelmente por perceber que tal desenvolvimento representaria grandes ameaças. No entanto, a maioria das cidades mesopotâmicas foi abandonada devido ao uso excessivo da terra e da poluição do abastecimento de água. Já as cidades egípcias existiram por milênios. A continuação das cidades no Egito foi assegurada graças aos esforços de governantes como Narmer que teriam fornecido o modelo para os desenvolvimentos posteriores de urbanização.



Como observado acima, as informações sobre o reinado de Narmer são vagos devido à falta de registros e à dificuldade de interpretar as inscrições que foram encontradas e identificadas como relacionadas a Narmer. No entanto, a maioria dos estudiosos acredita que o rei estabeleceu uma dinastia que lançaria os alicerces de tudo que o Egito viria a se tornar.



Bibliografia

Mark, Joshua J.. "Narmer." World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 1° fevereiro de 2016. Acesso, 10 de março de 2021.



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