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Linha do tempo da Arqueologia em Sutton Hoo

Atualizado: 3 de abr. de 2023

Artigo


Uma vista dos montes funerários de Sutton Hoo cobertos de geada ao amanhecer

Uma vista dos montes funerários de Sutton Hoo cobertos de geada ao amanhecer. Imagem do National Trust Photolibrary.

1600 - Caçadores de tesouros Tudor

A exploração de 1939 não foi a única tentativa arqueológica de explorar os misteriosos montes de Sutton Hoo. Esses montes foram criados aproximadamente em 625 d.C., se mantendo intocado até o período Tudor, uma época em que diversas pessoas conseguiram uma licença da Coroa inglesa para escavar na região. Tais indivíduos estavam atrás de tesouros, dos quais muitos foram encontrados. Esses artefatos valiosos descobertos teriam sido derretidos e compartilhados entre o descobridor e a Coroa.


Para a sorte dos arqueólogos e estudiosos, esses caçadores de tesouros deixaram pelo menos dois dos montes intactos para o futuro.



1860 - Saque para lucro

Durante o século XIX, ocorreu um grande movimento de escavação em Sutton Hoo. Em uma dessas campanhas os saqueadores ao escavar um monte encontraram grande quantidade de rebites, mas eles não imaginavam que estes faziam parte de um enterro de navio anglo-saxão.


1938 - Um começo tentador

Após a liberação de Edith Pretty, proprietária de terras, o arqueólogo amador Basil Brown, deu início as escavações em Sutton Hoo, que ocorreu nos meses de junho e julho de 1938 e se concentrou em três dos túmulos.


Brown usou a tradicional técnica de abrir uma trincheira através dos montes, tentando chegar a uma câmara ou poço, que fica sob todos os túmulos. O arqueólogo buscava uma diferença na coloração do solo, que indicaria a presença de uma sepultura. Mas esse método se tornou mais difícil devido à interferência de valas feitas por caçadores de tesouros anteriores.



A cada montículo, Brown ia descobrindo que o local havia sido saqueado, mas, ao escavar o Monte 3, ele encontrou os restos de um homem cremado, junto com um machado de ferro, um fragmento de uma placa de calcário decorada, e pedaços de cerâmica e uma tampa de um jarro mediterrâneo. No Monte 2, rebites de ferro de navios foram encontrados – embora tenham sido espalhados anteriormente por saqueadores de túmulos. Brown também recuperou um disco de bronze dourado, um pedaço de vidro azul, uma ponta de lâmina de espada e uma faca de ferro.


A temporada de escavações de 1938 terminou com o Monte 4, mesmo mostrando sinais de roubo, a escavação revelou alguns fragmentos importantes de bronze, tecidos e ossos.


Brown havia descoberto o suficiente para que outra temporada de escavações fosse planejada.



1939 - O Grande Enterro do Navio

Em maio de 1939, Basil Brown inicia uma nova temporada, escavando no Monte 1, o maior dos túmulos. Quando ele descobriu o primeiro rebite de ferro, imediatamente passou a explorara a área com uma pequena espátula. Ele localizou cinco rebites dispostos no que viria a ser a proa de um navio. A escavação de Brown revelou o fantasma de um navio incluindo seu contorno curvado na areia, revelando onde estariam todas as tábuas, costelas e até buracos para os remos.


Escavação do navio de Sutton Hoo de 1939. Imagem British Museum

Escavação do navio de Sutton Hoo de 1939. Imagem British Museum


Câmara de segredos

Em 14 de junho de 1939, Basil Brown chegou à câmara funerária, localizada no centro do navio. Para a sorte de Brown, os construtores dos montículos haviam mudado a forma, então os saqueadores cavaram no que eles acreditavam ser a câmara funerária central, mas eles estavam errados.



A notícia da descoberta do Monte 1 se espalhou rapidamente, tornando evidente para Edith Pretty que seria necessário o trabalho de especialistas, e assim a escavação para o comando de Charles Phillips, da Universidade de Cambridge, e sua equipe de jovens arqueólogos brilhantes.



Corrida contra o tempo

Com a ameaça de declaração da Segunda Guerra Mundial, Charles ficou sem tempo para adquirir equipamentos especializados, então sua equipe teve que usar o que estava à disposição, incluindo uma pá de carvão, pincéis de pastelaria, canivetes e um par de foles. Foram encontrados 263 artefatos de ouro, prata, bronze, esmalte, ferro, madeira, ossos, tecido, penas e peles. Entre os achados estavam também: uma espada com punho de joias, ombreiras de ouro com granada e vidro incrustrados e o magnífico capacete Sutton Hoo.

Foi após a descoberta do capacete que Charles Phillips identificou que o enterro do navio era anglo-saxão, e não vikings, confirmando a conclusão original de Basil Brown.


A guerra começa

Em 3 de setembro de 1939, a guerra foi declarada e todos os tesouros foram levados para um túnel do metrô de Londres. Quase todas as descobertas sobreviveram aos ataques alemães, a não ser, os planos do navio que não foram armazenados no subsolo e pegaram fogo. Essa perda levou os arqueólogos a retornar ao local da sepultura décadas depois para tentar encontrar respostas para várias perguntas.


1965 - 71 - Mistério resolvido

Só em 1965, as escavações foram retomadas no Monte 1, por Rupert Bruce-Mitford e Paul Ashbee. A questão que mais intrigava os arqueólogos, era por que nenhum resto humano havia sido encontrado nesta elaborada sepultura. A análise química da areia abaixo da câmara funerária apresentou altos níveis de fosfato, indicando que um corpo havia se decomposto ali, e com certeza a natureza ácida do solo explicaria por que madeiras e restos humanos se dissolveram ao longo do tempo, resolvendo o mistério.



1983 - 93 - Ampliando a pesquisa

Entre os anos de 1983 e 1993, o arqueólogo Martin Carver explorou outros montes no Cemitério Real e áreas entre eles. Outras equipes estavam focadas no Enterro do Grande Navio, mas os instintos de Carver estavam certos e, ao longo de uma década, ele foi recompensado por novas e importantes achados, incluindo um segundo enterro de navio, o lugar de descanso de um guerreiro e os ‘corpos de areia’.


O segundo navio

Carver e sua equipe seguiu as escavações iniciais de Basil Brown no Monte 2, concluiu que o local provavelmente continha uma sepultura de navio muito rico em objetos. Embora o local tenha sido saqueado e posteriormente escavado por Brown, vários objetos finos foram deixados para trás ou perdidos, incluindo: um broche de bronze, dois discos de bronze dourados e uma fivela de prata. Também foi encontrado uma ponta de espada com o padrão de soldagem semelhante a encontrada no Monte 1, e chifres de prata e ouro feitos para beber foram encontrados em ambos os montes. Os rituais de enterro dos dois montes não eram idênticos, mas as comparações do conteúdo sugerem uma datação e status semelhantes.


Uma mulher de status

Ao longo dessa década, o Monte 14 foi localizado, e o único sepultamento de alto status de uma mulher até agora no Cemitério Real, levando alguns pesquisadores a concluir que este era o local de descanso de uma rainha, e talvez a viúva de Rædwald.



Fantasmas na areia

A equipe de Carver não se limitou apenas a explorar os montículos, voltado os olhos para as áreas intermediárias e, ao raspar o solo, mais enterros apareceram. Escavando cuidadosamente o local, formas humanas foram identificadas como áreas de areia mais dura e escura. Os chamados ‘corpos de areia’ estavam dispostos em diversas posições distorcidas, indicando que aqueles indivíduos não foram enterrados em uma cerimônia. A cena apresentava pernas e tornozelos amarrados, cabeças decepadas e pescoços quebrados.


No total, 39 indivíduos foram encontrados, e todos haviam morrido violentamente – mas por quê? Buracos em postes de madeira encontrados nas proximidades seriam uma possível pista do que seria uma forca primitiva.

Com a decadência do paganismo, as leis cristãs ajudaram a manter a ordem para os reis posteriores a Readwald, e a pena capital estava inclusa nessa ordem.


O mesmo local que recentemente havia sido um cemitério real para reis pagãos, tornou-se um lugar de descanso horrível para aqueles que tinham negado o cristianismo.


Guerreiro em paz

No final de 1991, Martin Carver encerrou suas explorações com uma descoberta magnífica no Monte 17. Esse tesouro também sobreviveu aos ladrões que escavaram direto no centro do monte, mas havia no local duas sepulturas, lado a lado. Foram encontrados os restos mortais de um jovem enterrado em um caixão de tronco de árvore com um arreio de cavalo, suas armas e outros bens. Havia também, um escudo, duas lanças, uma espada com um cinto com joias, um recipiente com costelas de cordeiro. O outro enterro continha o esqueleto de seu cavalo.



Reconstruindo o Monte 2

O último empreendimento de Martin Carver foi a reconstrução do Monte 2, um dos maiores montes, e a experiência arqueológica de Carver para ver como a paisagem mudaria ao longo do tempo.


1986 - Reconstruindo um balde bizantino

Em 1986, época em que os Tranmers viviam em Sutton Hoo, fragmentos de um balde bizantino (o balde de Bromeswell) surgiu na superfície do campo. Especialistas analisaram os desenhos no balde e constataram que ele foi produzido no século VI d.C., mas só chegou a Sutton Hoo cem anos depois.


Juntando fragmentos do Balde Bromeswell. Imagem Robin Pattinson

Juntando fragmentos do Balde Bromeswell. Imagem Robin Pattinson. Divulgação.


O balde foi desenterrado em pedaços com a ajude de um detector de metais. A maior parte do balde foi desenterrada em 2012, após um trabalho cuidadoso de limpeza e remodelamento de cada fragmento para sua forma original. Os especialistas fixaram delicadamente cada peça desse quebra-cabeça em um suporte, e assim, podemos ver como essa magnífica peça de artesanato teria sido originalmente.


2000 - Voltando no tempo

Em 2000, outra parte da propriedade foi explorada pelo Conselho do Condado de Suffolk, revelando um cemitério anglo-saxão adicional, lar do Balde Bromeswell. Nesse local os arqueólogos descobriram 13 cremações e 9 enterros.


Os enterros dos moradores de status alto ou baixo não eram tão grandiosos quanto os enterros em navios. As mulheres eram sepultadas com objetos como pentes, facas, tigelas, broches e contas. Em sepulturas de guerreiros de meio período, foram encontrados lanças e escudos. Esses homens passavam grande parte de sua vida cultivando à terra, mas estavam prontos para pegar em armas se preciso. Os arqueólogos acreditam que esses homens de status mais baixo, provavelmente eram avós dos reis da Ânglia Oriental.



2017 e 2018 - A pesquisa continua

Recentemente, uma equipe da Universidade de Bradford, usando a tecnologia de detecção e alcance de luz, baseada na determinação de distâncias entre o sensor e a superfície a ser mapeada, através de um pulso de laser que se propaga (LiDAR), explorou vários montes em Sutton Hoo. Essa técnica não destrutiva ajuda a revelar detalhes meticulosos da construção dos montes, bem como marcas na superfície deixadas pelos tanques durante à Segunda Guerra Mundial.


Fonte: National Trust

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