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Estudo revela que os Vikings da Suécia sofriam de cárie

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Estudo revela que os Vikings da Suécia sofriam de cárie - História em Destaque

Dentes manipulados. PLOS ONE. (CC BY)


Um estudo publicado na PLOS ONE em 13 de dezembro de 2023, pela pesquisadora Carolina Bertilsson, da Universidade de Gotemburgo, Suécia e colegas, constatou que os vikings na Suécia sofriam de problemas dentários, mas tentavam tratá-los.



Escavações em 2005, próximas à Abadia de Varnhem, na Suécia, revelaram as ruínas de uma antiga igreja cristã de pedra erguida no início do século XI. Os arqueólogos encontraram restos de mandíbulas e dentes da Era Viking, que podem fornecer evidências da vida cotidiana neste município cristão primitivo. De acordo com os pesquisadores, as estruturas dentárias estão bem preservadas post mortem. Eles analisaram à saúde geral e às doenças, à composição e frequência nutricional, às tarefas cotidianas, e à percepção de dor. Após os exames odontológicos osteoarqueolóicos, foram encontrados cárie dentária, desgaste dentário e infecções nos maxilares, que fornecem um entendimento único da vida em tempos históricos. Foram realizados exames no esmalte, polpa dentária e dentina que, segundo os pesquisadores, podem fornecer respostas relacionadas à microbiota e isótopos nutricionais, aprimorando o conhecimento sobre populações antigas.



Foram analisados 171 indivíduos com dentições parciais e completas. O grupo com dentição permanente foi composta por 133 indivíduos (46 do sexo feminino e 87 do sexo masculino), enquanto o grupo com dentição decídua e mista foi composta por 38 indivíduos.


Segundo a publicação, os exames clínicos foram realizados por um dentista e dois estudantes de odontologia. Eles registraram o número de dentes, lesões de cárie, patologia apical, desgaste dentário e outros achados.


De acordo com os pesquisadores, dos 171 indivíduos analisados, 49% apresentavam pelo menos uma lesão cariosa, e 62% (todos adultos) foi encontrada pelo menos uma lesão de cárie. Outro fato observado é de que todos os indivíduos jovens estavam livres de cárie. Foi encontrada uma correlação negativa para o número de dentes com cárie e idade.


Condições patológicas dentárias - História em Destaque

Figura 1. Condições patológicas dentárias. A) Lesões de cárie manifestadas no primeiro molar superior e segundo pré-molar superior, B) Lesões de cárie manifestadas no segundo e terceiro molares superiores e C) Lesão periapical no molar 26 espalhando-se medialmente no palato. Possivelmente um cisto. PLOS ONE. (CC BY)


O estudo revelou que um dos indivíduos analisados tinha dentes frontais caracteristicamente lixados (Fig. 2), e outros cinco estavam faltando o dente número 12 ou 22. Os pesquisadores descobriram também que em dois indivíduos, um molar parece ter sido modificado para criar uma abertura para a parte interna do dente que abriga a polpa. De acordo com a publicação, “sete dos indivíduos apresentaram sinais de desgaste dentário atípico relacionado ao hábito”.


dentes frontais caracteristicamente lixados - História em Destaque

Dentes manipulados. A) Sinais de desgaste habitual dos incisivos centrais, B) Sinais de pinçamento nos incisivos inferiores, C) Sinais de modificação com abertura da câmara pulpar de um molar inferior, D) Dentes anteriores lixados e E) Incisivo central modificado com infecção apical fistulada. LOS ONE. (CC BY).


Em geral, tanto o apinhamento dos dentes quanto as más oclusões foram consideradas raras nas dentições. Dois dos indivíduos analisados apresentaram raízes encurtadas de um ou mais dentes, enquanto outro indivíduo exibiu reabsorção dentária em um segundo molar de um dente do siso.



 “As descobertas deste estudo fornecem insights raros sobre os Vikings de Varnhem, tanto ao nível individual quanto de grupo”, diz o estudo. Os pesquisadores descobriram que a prevalência de cárie nos indivíduos analisados correlaciona-se com os resultados de outras populações da Europa do mesmo período. O estudo mostrou uma alta ocorrência de cárie radicular nos vikings analisados. De acordo com os pesquisadores, ela pode estar ligada a doença periodontal, “cujos sinais na forma de perda óssea marginal podem ser vistos clinicamente”, diz a publicação.


Segundo os pesquisadores, nestes casos, provavelmente não houve medida de higiene oral além da extração dos dentes, fazendo com que o biofilme permanecesse nas superfícies por longos períodos. Excepcionalmente, não foram encontradas lesões de cárie em locais com marcas de abrasão por escoriação dentária. O que também chamou a atenção dos pesquisadores foi polarização da prevalência de cárie. Uma parte dos indivíduos apresentou um número extraordinário de lesões de cárie, enquanto a maioria estava livre de cárie ou apresentava não mais que duas lesões, sugerindo que alguns indivíduos têm maior suscetibilidade à doença cárie.



O estudo revela que a maioria das grandes lesões cavitadas, o grande número de dentes perdidos e apenas algumas lesões cariosas iniciais demonstra a natureza da doença cárie, quando não tratada e sem intervenção odontológica.


Os pesquisadores ressaltam a não conclusão sobre as diferenças de sexo na prevalência de cárie e perda dentária devido à distribuição desigual entre homens (n= 87) e mulheres (n= 46) na população de vikings analisada. Esta discrepância entre os sexos pode ser explicada pelo local das escavações arqueológicas, que está localizado ao sul da igreja. Segundo os costumes dos primeiros cristãos em Varnhem, os homens eram sepultados no lado sul das igrejas e as mulheres no norte.



A perda dentária ante-mortem e a ocorrência de cárie dentária na população atual pode ser explicado pela diminuição do número de dentes remanescentes com o aumento da idade biológica. No caso dos vikings estudados, a pesquisa revela que por volta dos 40 anos, há uma perda de dentes que anula a ocorrência de lesões de cárie. “Isto fornece informações não apenas sobre o sofrimento dos Vikings de Varnhem, mas também sobre a patologia da cárie dentária na sua forma não tratada”, diz o estudo.


As descobertas classificadas pelos pesquisadores como as mais importantes são aquelas que indicaram infecções. “Sinais clinicamente visíveis de infecção dentárias foram observados em 4% dos dentes”, diz o estudo. No palato de uma mulher de 30 a 35 anos, foi encontrada reabsorção óssea devido a uma infecção extensa próximo às raízes dos dentes (Fig 1C). Na época, esta infecção teria sido perigosa sem tratamento disponível. “É possível que a infecção que se espalha pelos tecidos moles possa ter causado a morte desse indivíduo, devido à obstrução das vias aéreas ou à sepse."



Fonte: PLOS ONE

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