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Dust Bowl: tempestades de poeira que assolaram os EUA

Atualizado: 3 de abr. de 2023

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Dust Bowl: tempestades de poeira que assolaram os EUA - História em Destaque

Na década de 30, várias tempestades de poeira varreram a região das Grandes Planícies nos Estados Unidos. Esse fenômeno climático recebeu o nome de Dust Bowl (Bacia de Poeira) e durou cerca de 10 anos, atingindo partes do Colorado, Novo México, Kansas, Oklahoma e Texas.


As Grandes Planícies são um extenso planalto de pastagens semiáridas com alturas que variam de 1 800 metros a ligeiramente acima do nível do mar. Em algumas regiões são extremamente planas; em outros lugares, montanhas cobertas de árvores.



Essas planícies estão localizadas entre o Rio Grande ao sul e o delta do Rio Mackenzie no Oceano Ártico ao norte, entre a Planície Central e as Montanhas Rochosas a oeste, na América do Norte. Com uma área de cerca de 2.900.000 km quadrados, equivale a um terço dos Estados Unidos. As Grandes Planícies abrangem os estados de Montana, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Wyoming, Colorado, Oklahoma, Nebraska, Kansas, Novo México, Texas e províncias do Canadá (Manitoba, Saskatchewan e Alberta) e parte dos territórios do Noroeste.


No território americano, as Grandes Planícies são pelo Rio Vermelho, Rio Grande e Rios do Arkansas e o Rio Missouri e seus afluentes (Platte, Yellowstone e Kansas). No Canadá, o Rio Saskatchewan e seus afluentes formam o principal sistema de drenagem.



Durante muitos anos as planícies foram habitadas por nativos americanos e búfalos até ocorrer a expansão para o oeste nos anos de 1840. Em 20 anos os índios e os búfalos haviam desaparecido das pradarias, deixando a terra para os pequenos fazendeiros. Esse era o “Sonho Americano”. Nessas planícies havia vasta grama nativa que ajudava a manter o solo firme e na retenção da umidade.


Depois da Guerra Civil uma série de atos federais da política latifundiária incentivando a agricultura nas Grandes Planícies levaram os pioneiros para o Oeste. A Lei da Propriedade Rural (Homestead Act) de 1862, que fornecia aos colonos 64 hectares de terras públicas, foi criada pelo presidente Abraham Lincoln. Novos Europeus no país partiram para o oeste em busca de um pedaço de terra. Em seguida veio o projeto de lei criado pelo presidente Theodore Roosevelt, em 28 de abril de 1904, o Kinkaid Act que dava direito aos colonos reivindicar 640 hectares em algumas áreas da região de Nebraska. Esses atos levaram ao um fluxo maciço de novos fazendeiros, alguns inexperientes, através das Grandes Planícies.



Em 1910, milhões de hectares já haviam sido ocupados no meio oeste, restando apenas a região árida das Grandes Planícies para ser cultivada. Com o intuito de atrair os colonizadores para a região, o governo fez novas sansões, aumentando o número das concessões que passou de 64 hectares para 129 hectares. Esses novos fazendeiros do final do século XIX e início do século XX, vivam em meio a superstições. Uma dessas superstições era de que “A chuva segue o arado”. Uma justificativa para arar à terra mesmo em tempos de seca.


Emigrantes, especuladores de terras, políticos e até cientistas acreditavam que a lei Homestead Act mudaria o clima da região das Grandes Planícies, tornando-a mais propícia para a agricultura. Uma série de anos chuvosos criou ainda mais incompreensões sobre o ecossistema da região. Isso levou ao cultivo intensivo de terras cada vez mais marginais que não podiam ser alcançadas pela irrigação. Outro fato importante foi o aumento do preço do trigo nos anos de 1910 e 1920. Também houve uma crescente demanda de trigo por parte da Europa durante a Primeira Guerra Mundial que encorajou os agricultores a arar milhões de acres de campos nativos para plantar milho, trigo e outras plantações.



Quando os Estados Unidos entraram na Grande Depressão em 1929, o preço do trigo despencou, levando os agricultores a arar ainda mais pastos na tentativa de colher grandes quantidades e com isso equilibrar a produção. Com o início da seca em 1930, as colheitas começaram a falhar expondo uma terra “nua” e arada. Onde antes havia gramíneas da pradaria, com o início da seca, o processo de aração e plantio desenfreado, a terra começou a se erodir.


Em 1931, teve início as tempestades de poeira que soterram casas e causou a morte de crianças, idosos e de vários animais. Estima-se que em 1934, cerca 35 milhões de acres de terras anteriormente cultivadas tinham sido inutilizadas, enquanto outros 125 milhões de acres – área de aproximadamente ¾ do tamanho do Texas – estava perdendo rapidamente seu solo superficial.


Dezenas de tempestades de poeira já haviam ocorrido desde 1931, mas a pior de todas ocorreu no dia 9 de maio de 1934. Uma parede de poeira se formou no Oklahoma Panhandle (região do estado do Oklahoma que inclui os três condados mais ao oeste no estado) e, empurrada por ventos fortes, seguiu para o leste. Essa parede de poeira chegou a alcançar 3 km de altura, se concentrando com maior intensidade no meio oeste.



Na noite do dia 9 maio, a chamada “Tempestade Negra” chegou a cidade de Chicago, deixando a população em pânico. No dia 13, ela alcançou a costa leste chegando a cidade de Nova York escurecendo o céu por 5 horas. A Tempestade Negra seguiu causando terror e destruição. Apenas 2 horas após atingir Nova York ela chegou a Boston. Ao final da jornada, a Tempestade Negra alcançou o Atlântico.


Em 1939, as chuvas regulares retornaram a região, encerrando o ciclo de quase uma década do Dust Bowl. Além do impacto econômico, o impacto ambiental foi enorme, resultando na remoção de quase 75% do solo superficial das planícies afetadas.



Fonte (s): History e BBC

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