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Descoberta revela que lobo-terrível pode não ter sido um lobo

Atualizado: 25 de set. de 2023

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Descoberta revela que lobo-terrível pode não ter sido um lobo - História em Destaque

Lobos terríveis (vermelhos) lutam contra lobos cinzentos para devorar um bisão, na reconstrução do artista MAURICIO ANTÓN. Divulgação.


Um dos predadores mais famosos da pré-história na América do Norte surgiu e desapareceu misteriosamente. Os lobos-terríveis que viveram no final da última era glacia, sempre foram considerados os primos próximos dos lobos cinzentos. Recentemente foi realizada a primeira análise de DNA do lobo-terrível, e descobriu-se que eles seguiram um caminho evolutivo solitário: eles são muito diferentes de outros lobos, coiote e cães, e não pertencem ao gênero que inclui esses animais. Os pesquisadores explicam que iram precisar de uma nova classificação científica.



“É um estudo fascinante” que revela o quão distintos os lobos-terríveis eram, diz Robert Dundas, paleontólogo vertebrado e especialista em animais da California State University, Fresno, que não esteve envolvido no trabalho.


Os lobos-terríveis viveram cerca de 250.000 a 13.000 anos atrás na América do Norte. Esses animais eram cerca de 20% maiores do que os lobos cinzentos de hoje, e viajavam em matilhas caçando cavalos antigos, possivelmente pequenos mamutes e mastodontes. Muitos desses animais ficaram presos por séculos no asfalto pegajoso onde hoje é o poço de piche La Brea, em Los Angeles. Centenas de crânios dos lobos terríveis estão no museu da Califórnia.


Há muito tempo os pesquisadores classificam os lobos-terríveis como Canis dirus, colocando-os no mesmo gênero dos lobos cinzentos, coiotes e cães. Para essa nova pesquisa, os cientistas percorreram a América do Norte extraindo amostras genéticas de dezenas de restos mortais de lobos-terríveis em várias universidades e museus. Eles recuperaram cerca de um quarto do genoma nuclear e todo o DNA mitocondrial em cinco indivíduos, com idades variando de 13.000 a mais de 50.000 anos.



A análise do material genético revelou uma nova árvore genealógica evolutiva, e para a surpresa dos pesquisadores: os lobos-terríveis ocupam sua própria linhagem, diferente daquelas que deram origem aos chacais africanos, lobos cinzentos, coiotes e cães por quase 6 milhões de anos.


Proteínas recuperadas do colágeno de um lobo-terrível de La Brea, convenceram a equipe a recomendar a retirada dos lobos-terríveis do gênero Canis e colocá-los em outro lugar na família. Os lobos-terríveis passariam a ser do gênero Aenocyon dirus, designação proposta em 1918, mas que a maioria dos especialistas ignorou.


O paleontólogo de vertebrados e especialista em canídeos antigos do Museu de História Natural, Xiaoming Wang, explica que “o gênero Aenocyon foi deixado na lixeira da história, mas pode ser recuperado”.



Artistas e os criadores de Game of Thrones, frequentemente retratam esses predadores como: grandes, cinzentos e ferozes. A maioria dos pesquisadores explica que viver nas latitudes mais quentes da América do Norte pode ter lhes dado características mais comuns para esses canídeos, como, pelo vermelho, cauda espessa e orelhas mais arredondadas.

Na análise não foi encontrado vestígios de mistura genética entre os lobos-terríveis e os lobos cinzentos. Isso é bastante incomum, e indica que após a chegada dos lobos cinzentos e coiotes vindos da Eurásia há 20.000 anos, os lobos-terríveis não conseguiram procriar com eles, sugerindo que seriam animais muito diferentes dessas outras criaturas.


Quanto ao desaparecimento dos lobos-terríveis, o que os pesquisadores sabem até o momento é que eles desapareceram com outras grandes criaturas da era do gelo. Alguns especialistas suspeitam que a mudança climática pode ter matado as grandes presas das quais os lobos terríveis dependiam, e os lobos cinzentos sobreviveram porque podiam caçar animais menores. A caça humana de animais os quais os lobos terríveis se alimentavam pode ter desempenhado um papel muito importante no desaparecimento da espécie.


Fonte: Nature

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