top of page

A verdadeira história de Maria, Mãe de Jesus

Atualizado: 24 de set. de 2024


A verdadeira história de Maria, Mãe de Jesus - História em Destaque

Madonna e criança. Do artista Francesco Granacci, 1529. Domínio Público.


Maria, mãe de Jesus Cristo, é talvez a Maria mais famosa da história, tornando-se um símbolo de adoração para os cristãos. Ela vivenciou diversas emoções que uma mãe pode enfrentar e manteve-se fiel ao lado de seu filho desde a sua prisão até a sua crucificação e morte. Afinal, quem foi Maria? O que realmente sabemos sobre a mulher que chamamos de Mãe de Deus e Mãe da Igreja? A primeira de todas as santas. O que a literatura de seu tempo e as pesquisas arqueológicas nos revelam sobre Maria?


A Virgem Maria é a Mãe de Deus porque é a Mãe de Jesus, o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Ela é considerada a pessoa mais importante para levar os seguidores até o seu Filho, pois ninguém conhece melhor Jesus do que Maria. Ela foi a mulher que carregou o Menino Jesus em seu ventre por nove meses, e soube ouvir “todos aqueles que o Senhor lhe permitiu encontrar: os pastores, os magos, Simeão e Ana… porque cada um deles ‘revelaria’ algo sobre a identidade e missão de Jesus”. (VATICAN NEWS, 2024)


A raiz de seu nome e a ligação com a irmã de Moisés

O verdadeiro nome da mãe de Jesus era Miriam, e tem sua origem no hebraico מרים (transliteração: miryam). Estudiosos acreditam que ela recebeu esse nome em homenagem à irmã de Moisés, que também se chamava Miriam. Já o nome Maria é de origem grega ou latina. Além de terem o mesmo nome, a história dessas duas mulheres é parecida; tanto a Mãe de Jesus quanto a irmã de Moisés foram escolhidas por Deus para proteger dois importantes líderes durante a infância, enquanto os governantes de sua época tentavam assassiná-los. No futuro, Moisés tiraria Israel da escravidão do Egito e Jesus livraria a humanidade do pecado.


Miriam protegeu seu irmão Moisés da ira do Faraó no Egito. Em Êxodo, o Faraó (que a maioria dos pesquisadores acredita ser Ramsés II, o Grande) ordenou o infanticídio de meninos hebreus. “Então, ordenou o Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem, lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida”. (Êxodo 1:22)


Maria e José protegeram seu filho (Jesus Cristo) de Herodes, o Grande; outro rei que também ordenou o assassinato de recém-nascidos do sexo masculino.


A Origem de Maria, família e vida cotidiana

A maioria dos estudiosos acredita que Maria tenha nascido na cidade de Nazaré, na Galileia (com cerca de 2.000 habitantes na época), durante o governo do rei Herodes, o Grande — um fantoche do Império Romano. Nazaré era um local de pouca importância para os judeus. No livro de João (1:45-46), o apóstolo relata que Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “Nós encontramos aquele de quem escreveram Moisés na lei e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. E Natanael lhe disse: pode haver coisa boa vinda de Nazaré?”


No Novo Testamento, Lucas descreve Nazaré como uma pólis (o termo pode ser traduzido como Cidade-Estado). No entanto, parece que foi um lugar de pouca importância. Nazaré não é mencionada em nenhum texto até o final do século II d.C., fora do Novo Testamento.


Mapa da Terra Santa na época do Novo Testamento. Church of Jesus Christ of Latter-day Saints.


Nazaré estava localizada em uma colina, cerca de 100 quilômetros ao norte de Jerusalém. Achados arqueológicos indicam que a Nazaré do século I d.C. estava mais para um povoado do que uma cidade, com uma população de cerca de 500 pessoas. Com exceções, a população da Galileia lutava para sobreviver cuidando de rebanhos, pescando e lavrando a terra para o sustento das famílias e para pagar impostos.


Duas habitações encontradas durante escavações arqueológicas parecem ser de um andar, com dois quartos, um telhado de palha e um pequeno pátio. Práticas funerárias e fragmentos de vaso de pedra calcária indicam que os moradores eram judeus.


Essas descobertas arqueológicas não estão ligadas diretamente a Maria ou sua família, mas elas nos dão uma ideia de como poder ter sido sua vida em Nazaré: uma simples camponesa vivendo em uma aldeia, longe de Jerusalém – o centro religioso –, com seu templo, seus sacerdotes e suas riquezas.


O aramaico era a língua comum entre os judeus após seu retorno da Babilônia. Certamente Maria falava aramaico com sotaque galileu, em vez do hebraico de tempos anteriores, como mostram os escritos de Mateus 26:73, onde Pedro é reconhecido como um dos discípulos de Jesus pelo seu sotaque. “Pouco depois, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu também és um deles, pois a tua fala te denuncia”. Além do aramaico, Maria também teve contato com um mundo multilíngue, quando ouvia o latim dos soldados romanos, o grego que poderia ser ouvido no comércio, e o hebraico quando a Torá era proclamada na sinagoga.


Amplamente falado em todo o Oriente Próximo, o aramaico era a língua oficial do Império Persa. Algumas palavras em aramaico são encontradas em Jó, Cântico dos Cânticos, Ester, Jonas, e nas partes hebraicas de Daniel e alguns Salmos. Aparece também em algumas partes do Antigo Testamento, como Esdras 4:8, 6:18, 7:12-26; Jeremias 10:11; e Daniel 2:4, 7:28.


É consenso entre estudiosos e historiadores que Jesus Cristo, sua Mãe, e seus discípulos falavam principalmente aramaico. Essa era a língua tradicional da Judeia no primeiro século d.C. O aramaico falado por eles era provavelmente com sotaque galileu distinto de Jerusalém. As aldeias de Nazaré e Cafarnaum eram de língua aramaica.


Maria era de família camponesa, que vivia da agricultura e de pequenos negócios como carpintaria – profissão de José e de Jesus. A vida de sua família era árdua, com altos impostos pagos a Roma e ao rei Herodes, além das contribuições para o Templo. Segundo a América Magazine, “Os artesãos – que representavam cerca de 5% da população – tinham um rendimento médio ainda mais baixo do que aqueles que lidavam com a terra”. Geralmente, para conseguir um abastecimento de alimentos para sobrevivência, as pessoas tinham que combinar o seu artesanato com a agricultura.


Segundo a tradição derivada de certos escritos apócrifos, os santos Ana e Joaquim (que floresceram no século I a.C., na Palestina) seriam os pais da Virgem Maria. Seus nomes e informações sobre suas vidas aparecem nos textos apócrifos: Protoevangelium Iacobi (“Primeiro Evangelho de Tiago”) do século II d.C.; e Evangelium de Nativitate Mariae (“Evangelho da Natividade de Maria”) do século III d.C. De acordo com estas fontes, não canônicas, Ana (em hebraico: Hannah) nasceu em Belém, na Judeia.


Ana e Joaquim se casaram e partilharam uma vida devota em Nazaré, mas lamentavam a falta de filhos. Certo dia, Joaquim foi repreendido no Templo pela sua esterilidade e retirou-se para o campo para rezar, enquanto Ana, triste pelo seu sumiço, prometeu a Deus que, se lhe fosse concedido um filho, ele seria dedicado aos serviços do Senhor. Em seguida, um anjo apareceu para ambos, anunciando que Ana conceberia e pariria um filho magnífico. Assim nasceu Maria, a futura Mãe de Jesus Cristo. Quando Maria completou três anos, seus pais, cumprindo a promessa divina que Ana havia feito, levaram a criança ao Templo de Jerusalém, onde a deixaram para ser criada.


O relato da vida de Ana e Joaquim é um paralelo à história da estéril Ana, Mãe do Profeta Samuel (1 Samuel 1); ela também dedicou seu filho ao serviço de Deus.

Algumas lendas relatam que Joaquim faleceu logo após o nascimento de Maria, e Ana casou-se novamente. Segundo a literatura oriental (que remonta ao século IV), Ana, em seu(s) suposto(s) casamento(s) subsequente(s), tornou-se avó dos apóstolos Tiago e João (filhos de Zebedeu), Judas, Simão e Tiago, o Menor (filho de Alfeu) e de Tiago, “irmão do Senhor”.


A imagem de uma pequena família de três pessoas vivendo em uma carpintaria é altamente improvável. A maioria das pessoas daquela época geralmente vivia em uma forma de unidade familiar mais ampla, onde três ou quatro casas de um ou dois quartos eram construídas em torno de um pátio, onde os familiares partilhavam uma cisterna, um forno e uma pedra de moinho para moer cereais. Neste local viviam também os animais domésticos. Assim como a maioria das mulheres de sua época, Maria passava o seu dia realizando tarefas domésticas, como carregar água de um poço ou riacho próximo, juntar lenha para o fogo, cozinhar as refeições e lavar utensílios e roupas.


Não se sabe ao certo quem eram os membros da família de Maria. O Evangelho de Marcos (6:3) menciona alguns nomes de pessoas que seriam supostamente parentes de Jesus: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? E não estão aqui conosco, suas irmãs? E escandalizavam-se nele”. Em João (19:25) é mencionada uma Maria (mulher de Cléofas) que seria irmã de Maria, mãe de Jesus. “E, junto à cruz de Jesus, estavam em pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.”


Não sabemos qual a relação destes indivíduos com Jesus e sua mãe Maria, mas é possível que todos vivessem no mesmo complexo.


Naquela época, na região da Galileia, mulheres geralmente se casavam por volta dos 14 anos, para garantir a virgindade e maximizar a procriação, sendo provável que o casamento de Maria com José e o nascimento de Jesus tenham ocorrido quando ela era ainda muito jovem.


Os textos bíblicos mostram uma Maria jovem – por volta dos 14 anos –, mas obstinada. Uma forte camponesa capaz de caminhar grávida pelas montanhas da Judeia, chegar até um estábulo e parir o menino Jesus. Uma Maria que realizava ao menos uma vez por ano uma viagem de cinco dias a pé até Jerusalém, dormia em campo aberto com outros peregrinos e se dedicava ao trabalho diário em casa.


Certamente ela teria características semelhantes às das mulheres judias de hoje, possivelmente com cabelos e olhos escuros. É quase certo que Maria não soubesse ler ou escrever, pois a alfabetização era rara entre as mulheres da época. A tradição era altamente oral, com leitura pública das Sagradas Escrituras, recitação de poemas e canções.


Maria fora da Bíblia

No primeiro século depois de Cristo, poucas mulheres judias foram mencionadas em relatos históricos. Uma mulher em especial — a Virgem Maria — que viveu nessa época, é lembrada no Novo Testamento como a mulher que trouxe ao mundo e criou o filho de Deus.


Maria, mãe de Jesus, é mencionada apenas no Novo Testamento da Bíblia Cristã. Especialistas afirmam ser compreensível que não haja registros históricos sobre Maria como mãe de Jesus, devido à sua residência em uma aldeia na região da Judeia. Ela com certeza não usufruía de meios para registrar a sua ascendência. Além disso, sendo judia, Maria fazia parte de uma sociedade subjugada ao Império Romano. A história mostra que os romanos geralmente não se interessavam em registrar a vida dos povos conquistados, embora documentassem suas façanhas.


As mulheres daquela época não tinham expectativa de serem lembradas a menos que tivessem status, riqueza ou realizassem atos heroicos a serviço dos homens. Sendo uma jovem camponesa, Maria não tinha nenhuma das vantagens para se tornar uma figura registrar em textos históricos fora da Bíblia. Na época da Virgem Maria, as mulheres judias viviam sob a lei judaica e estavam totalmente sob o controle dos homens – primeiro dos pais e depois dos maridos. Um dos poucos casos em que a mulher era registrada ocorria no contexto do casamento: quando o marido, valendo-se do direito bíblico de ter várias esposas, era obrigado a pagar à sua primeira esposa a ketubá (uma espécie de pensão alimentícia) caso eles se divorciassem.


Embora não tivessem direito legais, as mulheres judias na época de Maria eram responsáveis por manter as leis religiosas; elas iniciaram o costume semanal de ora sobre velas no sábado; e eram responsáveis por difundir a fé judaica em seus filhos, exercendo – informalmente – grande influência sobre a sociedade.


Segundo uma publicação da National Geographic, The Biblical Word, as mulheres na época de Maria atingiam a menarca, ou seja, a primeira menstruação por volta dos 14 anos. As mulheres judias geralmente casavam-se assim que se tornavam capazes de ter filhos. Uma mulher descoberta não virgem na noite de núpcias era acusada de adultério, tendo como resultado a morte.


É neste contexto histórico que vemos a disponibilidade de Maria em ser mãe terrena de Jesus como um ato não só de coragem, mas também de fidelidade. Ela correu o risco de ser acusada de adultério por seu noivo José e poderia ser legalmente apedrejada até a morte. No entanto, a bondade de José em se casar com ela e aceitar o filho dela como sendo seu também salvou Maria do destino trágico.


O Terceiro Concílio Ecumênico de Éfeso

Em 431 d.C., ocorreu o Terceiro Concílio Ecumênico convocado em Éfeso, Turquia, para determinar o status teológico para Maria. O bispo de Constantinopla, Nestório, afirmou que o título de Maria Theotokos (“portadora de Deus”), usado pelos teólogos desde o século II, estava errado, pois era impossível para um ser humano parir a Deus. O bispo afirmou que Maria deveria ser chamada de Christokos (“portadora de Cristo”), pois ela era a mãe da natureza humana de Jesus, não de sua identidade divina.


No entanto, os pais da igreja em Éfeso não aceitaram a teologia de Nestório. Eles afirmaram Maria como Theotokos, um título ainda usado atualmente por cristãos de tradições ortodoxas e católicos de rito oriental.


Maria no Antigo Testamento

São muitas as imagens de Maria, a mãe de Jesus Cristo, no Antigo Testamento que ajudam a compreender o Novo Testamento. Nas Sagradas Escrituras, essas imagens têm seu ápice na identificação de Nossa Senhora com Sião (monte fortificado a sudoeste de Jerusalém), como vemos em Salmos (2:6); “Contudo, pus meu rei sobre o meu santo monte de Sião”.


“Os filhos também daqueles que te afligiram virão, inclinando-se a ti. E todos aqueles que te desprezaram curvar-se-ão em direção às plantas dos teus pés e chamar-te-ão: A cidade do SENHOR, A Sião do Santo de Israel.” (Is 60:14). A Mãe de Jesus também é identificada em Isaías (40:9); Jeremias (31:12); e Zacarias (9:13), “Quando eu tiver dobrado Judá para mim, preenchido o arco com Efraim, levantado os teus filhos, Ó Sião, contra os teus filhos, Ó Grécia, e tiver feito de ti como a espada de um homem poderoso.”


A relação entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento, ao identificar Sião com a imagem da Virgem, é mais que uma construção histórica, ligando promessas e cumprimentos. Muitos estudiosos afirmam que a Virgem Maria é Sião em pessoa. Ela é habitável pela divindade, torna-se casa de Deus. O falecido Papa Bento XVI escreveu sobre esta identificação entre Sião e Maria: “É realidade espiritual, vida vivida a partir do espírito da Sagrada Escritura; é um estar radicado na fé dos patriarcas e simultaneamente dilatado pela altura e amplidão das promessas vindouras” (Joseph Ratzinger, Maria, a primeira Igreja, p. 65).


Foram transmitidas a Moisés a vocação e a missão na experiência da sarça em chamas que se conservava intacta. “E o anjo do SENHOR lhe apareceu em uma chama de fogo do meio de uma sarça. E ele olhou, e eis que a sarça queimava com o fogo, e a sarça não era consumida.” (Ex 3:2). Esta sarça, que estava em chamas sem se consumir, é a imagem da Virgem. Em meio às chamas da corrupção que consumia os outros filhos de Adão, a Virgem Maria passou ilesa. Maria acolheu dentro de si o fogo divino do Espírito Santo sem ser consumida, e abrigou em seu seio o Verbo de Deus encarnado. André Damino escreve a respeito deste mistério: “Não temais, ó Virgem cheia de graça, sarça vivente e incombustível, pois o fogo da divindade não consumirá nunca o vosso castíssimo seio, porque sois inocentíssima” (André Damino, Na Escola de Maria, p. 20). Na passagem em que Deus disse a Moisés: “E ele disse: Não te aproximes até aqui. Tira tuas sandálias dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.” (Ex 3:5). A Virgem Maria é essa terra que não foi corrompida pelo pecado, o templo sagrado onde Deus habitou.


A imagem de Maria, Mãe de Jesus, também é identificada com a Arca da Aliança, que era de madeira valiosa e incorruptível, da qual Deus falava a Moisés. “E farão uma arca de madeira de acácia; dois côvados e meio será o seu comprimento, e um côvado e meio a sua largura, e um côvado e meio a sua altura.” (Ex 25:10). A Virgem era a Arca da Nova Aliança, que foi preservada da corrupção do sepulcro. “E a revestirás de ouro puro, por dentro e por fora a revestirás, e farás sobre ela uma coroa de ouro ao redor.” (Ex 25:11)


A maioria dos estudiosos acredita que algumas figuras femininas famosas do Antigo Testamento são representações da Virgem Maria, como, por exemplo, Abigail, esposa de Nabal, que havia insultado Davi. Tentando defender o marido, ela foi ao encontro de Davi e clamou para o castigo cair sobre ela. “E quando Abigail viu Davi, ela se apressou, e apeou do jumento, e caiu diante de Davi sobre a sua face, e se curvou até o chão” 1 Samuel (1Sm 25:23). Com orações, Abigail alcançou a clemência de Davi. “E, agora, esta bênção que a tua criada trouxe ao meu senhor, que seja também dada aos jovens que seguem o meu senhor” (1Sm 25:27). Davi viu Abigail como uma mensageira de Deus e a agradeceu pelos conselhos. “E Davi disse a Abigail: Bendito seja o SENHOR Deus de Israel, o qual te enviou neste dia para me encontrar” (1Sm 25:32).


Graças à sua intercessão, “Maria aplaca a indignação de Deus e detém a mão onipotente que está para punir o pecador” (André Damino, Na Escola de Maria, p. 24).


Outra figura feminina é Débora, a profetisa. Ela foi inspirada por Deus para ajudar Israel a confiar no SENHOR. “E ela habitava debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, no monte Efraim; e os filhos de Israel subiam até ela para juízo.” (Jz 4:5)


A rainha Ester conseguiu que o rei Assuero anulasse o decreto que condenava o seu povo: "E Ester falou mais uma vez diante do rei, e caiu aos seus pés, e com lágrimas suplicou para afastar a maldade de Hamã, o agagita, e o plano que ele tinha preparado contra os judeus. [...], pois como resistirei ver o mal que virá ao meu povo? Ou, como resistirei ver a destruição da minha parentela?" (Ester 8:3, 6)


De mesmo modo, repeliu no decorrer dos séculos os ataques infernais contra o Povo de Deus e intercede no Céu pela nossa causa.


Para vários estudiosos, as magníficas mulheres do Antigo Testamento são representações da Mãe de Jesus. Por sua cooperação no mistério da salvação, Nossa Senhora tornou-se nossa Mãe na ordem da graça (cf. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 61), Mãe da Igreja.


Maria no Novo Testamento

O importante relato sobre a humildade e obediência de Maria à mensagem de Deus, contido no Novo Testamento, tornou a Virgem um exemplo para os cristãos de todas as épocas. A teologia cristã construiu a imagem de Maria a partir de detalhes nos Evangelhos fornecidos pelo Novo Testamento, onde a virgem da Galileia cumpre a predição atribuída a ela no Magnificat:


"E Maria disse: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito regozijou-se em Deus meu Salvador. Pois ele tem considerado a humildade de sua serva; porquanto, eis que daqui em diante todas as gerações me chamarão de abençoada. "Porque aquele que é poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome." (Lucas 1:46-49)


Maria, a Mãe de Jesus, aparece no Novo Testamento pela primeira vez no livro de Lucas, na história da Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem. Lucas conta que um casal de idade avançada (Zacarias e Isabel) não tinha filhos, então o anjo Gabriel anunciou que Isabel, prima de Maria, ficaria grávida graças a uma intervenção divina. “E, depois daqueles dias, sua esposa Isabel engravidou e escondeu-se por cinco meses”, (Lucas, 1:24). Os textos apresentam a Anunciação de Maria como tendo ocorrido no sexto mês de gravidez de sua prima: “E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré. A uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e seu nome era Maria”, Lucas 1:26-27.


A Anunciação. Pintura de Luca Giordano - História em Destaque

A Anunciação. Pintura de Luca Giordano - 1672. Domínio Público.


Os escritos de Lucas também mencionam Maria, grávida, deixando a Galileia com seu esposo José para a cidade de Belém, onde José deveria ser tributado. “E José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, até a cidade de Davi, que é chamada Belém, (porque ele era da casa e da linhagem de Davi); para ser tributado com Maria, sua esposa, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, cumpriram-se os dias para o parto.” (Lucas 2:4-6).


A Anunciação aparece também no livro de Mateus: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo se deu do seguinte modo: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, ela foi encontrada grávida do Espírito Santo. Então, José, seu marido, sendo um homem justo, não querendo fazer dela um exemplo público, estava disposto a deixá-la em secreto.” Mateus (1:18-19).


Maria também é citada no Apocalipse de João: “E apareceu uma grande maravilha no céu: Uma mulher vestida com sol, com a lua debaixo de seus pés, e sobre a sua cabeça uma coroa de doze estrelas. E ela, estando grávida, gritava, com dores de parto, sofrendo para dar à luz. E apareceu outro sinal no céu: eis um grande dragão vermelho, tendo sete cabeças e dez chifres, e sete coroas sobre suas cabeças. […] E ela deu à luz a um filho homem, que há de governar todas as nações com um cetro de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono”. (Apocalipse 12:1-3, 5).


A Adoração do Magos - História em Destaque

A Adoração do Magos. Giotto di Bondone, 1320 d.C. Domínio Público.


O Evangelho de Lucas nos fala que Maria pariu o seu primogênito em uma espécie de estábulo pois não havia quarto para eles na estalagem. Maria também é mencionada em Lucas (2:16): "E eles foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o bebê deitado na manjedoura."


José parece ter falecido antes do início do ministério de Jesus, mas Maria, porém, viveu com seu filho durante esse período, como descrito no livre do Apóstolo João. Esse mesmo Apóstolo nos conta que Maria esteve presente na crucificação de Jesus, embora os outros evangelistas não relatem sobre este fato. “E, junto à cruz de Jesus, estavam em pé sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, ele disse à sua mãe: Mulher, eis o teu filho! Então ele disse ao discípulo: Eis a tua mãe! E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua própria casa.” (João 19:25-27)


A Virgem Maria é mencionada em vários outros textos do Novo Testamento, e sua última menção aparece em Atos dos Apóstolos 1:14, que a inclui na companhia daqueles que se dedicam a difundir a fé após a ressureição de Jesus Cristo; "Todos estes continuavam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos."


Mesmo tendo essas cenas como relatos históricos literais, elas não constituem um retrato integrado de Maria. Apenas nos relatos da Natividade e da Paixão de Cristo que seu lugar é significativo: a aceitação que lhe foi conferido na Anunciação é o prólogo solene da história do Natal. No entanto, os três incidentes da vida de Jesus contêm elementos de um caráter marcadamente humano, talvez uma insinuação de que ela não compreendeu plenamente a verdadeira missão de seu filho Jesus.


A Importância cultural de Maria

Muito além dos títulos e prerrogativas oficiais que lhe foram conferidos pelo cristianismo católico, Maria alcançou grande importância cultural. A devoção popular à Virgem Maria desempenha um papel importante na vida dos católicos romanos e ortodoxos. A doutrina a Maria é enfatizada pelo catolicismo romano como sendo uma crença que deve ser vista no contexto de duas outras doutrinas cristãs: a doutrina de Cristo e a doutrina da Igreja. Ela também é considerada a “primeira crente” e como aquela na qual a humanidade da Igreja foi incorporada de forma representativa.


Após Pentecostes, a Virgem Maria desaparece da história. Não sabemos o que aconteceu com a Mãe de Jesus. Parece que ela faleceu em uma comunidade em Jerusalém, embora uma tradição posterior a retrate como se mudando para Éfeso na companhia do apóstolo João.


Maria, às vezes, é vista na tradição islâmica como uma mulher santa e mão do profeta Jesus – embora não veja Jesus ou Maria como divinos. Um capítulo do Alcorão é dedicado à história dela e ao nascimento virginal de Jesus. No hinduísmo, Maria às vezes é adorada entre muitos outros deuses e deusas, mantendo geralmente as características de Maria na fé cristã. Para os católicos romanos e muitos anglicanos, Maria assume um significado maior. Ela é a mãe de um ser divino, não apenas de uma encarnação humana de Deus. A tradição conta que ela ascendeu ao céu no final de sua vida, em vez de morrer.


Bibliografia

KING (James). Bíblia King James 1611 de Estudo Holman. BV Books, 2023.


Britannica, The Editors of Encyclopedia. “Saints Anne and Joachim”. Encyclopedia Britannica, 12 de fevereiro de 2024. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Saints-Anne-and-Joachim . Acesso: 11 de maio de 2024.


LUCEY, Candice. Who Was Mary the Mother of Jesus?. 29 dez. 2020. Disponível em: https://www.christianity.com/wiki/holidays/who-was-mary-the-mother-of-jesus.html. Acesso em: 23 maio 2024.


EQUIPE EDITORIAL DO CHRISTIANITY.COMWhat Language Did Jesus Speak?. 15 jul. 2019. Disponível em: https://www.christianity.com/wiki/jesus-christ/what-was-the-language-of-jesus.html. Acesso em: 12 jun. 2024.


MALONEY, Robert P. The Historical Mary. 19 nov. 2005. Disponível em: https://www.americamagazine.org/issue/555/article/historical-mary. Acesso em: 9 abr. 2024.


The New Oxford Annotated Bible with the Apocrypha, New Revised Standard Version (Oxford University Press 1994).


The Jewish Study Bible (Oxford University Press, 2004).


The Biblical World, An Illustrated Atlas, edited by Jean-Pierre Isbouts (National Geographic 2007).


The Jewish People in the First Century, edited by S. Safrai and M. Stern (Van Gorcum Fortress Press 1988).


Pelikan, Jaroslav Jan. "Mary". Encyclopedia Britannica, 11 novembro 2022, https://www.britannica.com/biography/Mary-mother-of-Jesus. Acesso: 28 dezembro 2022.


CANÇÃO NOVA. Maria no Antigo Testamento. [s.d.]. Disponível em: https://blog.cancaonova.com/tododemaria/maria-no-antigo-testamento/. Acesso em: 21 maio 2024.


VATICAN NEWS. SOLEMNITY OF MARY, THE HOLY MOTHER OF GOD. [S. l.]: Vatican News, 2024. Disponível em: https://www.vaticannews.va/en/liturgical-holidays/solemnity-of-mary--the-holy-mother-of-god.html. Acesso em: 4 maio 2024.


STRATHEARN, Gaye. Mary, the Mother of Jesus. 2019. Disponível em: https://www.churchofjesuschrist.org/study/liahona/2019/01/mary-the-mother-of-jesus?lang=eng. Acesso em: 4 abr. 2024.


WOMEN’S HISTORY NETWORK. Mary, mother of Jesus Christ. InMary, the Mother of Jesus. 26 dez. 2010. Disponível em: https://womenshistorynetwork.org/mary-mother-of-jesus-christ/. Acesso em: 17 jan. 2024.

bottom of page