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Réplica de capacete encontrado na necrópole de Sutton Hoo. (CC BY-SA 2.5)
O filme “A Escavação” – original da Netflix – estreou no Brasil, no dia 29 de janeiro. O longa-metragem traz à tona a história do arqueólogo Basil Brown, vivido pelo ator Ralph Fiennes. A descoberta realizada por Brown é uma das mais importantes de todos os tempos.
Origem
O arqueólogo autodidata Basil John Wait Brown, nasceu em 1888, no condado de Suffolk, Inglaterra. Seus pais (George Brown e Charlotte Wait) eram fazendeiros que depois se tornaram arrendatários.
Por crescer lidando ao lado do pai na propriedade, Basil Brown passou a se interessar por arqueologia, e aos cinco anos ele já estudava textos sobre astronomia herdados de seu avô. Aos doze anos abandonou a escola para trabalhar com o pai na fazenda.
Autodidata
Em 1902, o desenho foi seu primeiro fascínio através das aulas que frequentava no período da noite. Os conhecimentos que ele viria a adquirir foram conquistados graças a habilidade autodidata. No ano de 1907, Brown passou a ter conhecimento em Geografia, Astronomia e Geologia.
Foi por meio de livros e programas de rádio que Brown passou a falar fluentemente alguns idiomas. Os seus desejos não eram apenas os estudos, como mostra o fato de tentar se alistar e lutar na Primeira Guerra Mundial fazendo parte do exército britânico. O seu sonho de fazer parte do serviço militar na linha de frente foi frustrado quando ele foi declarado clinicamente impróprio. Mesmo assim ele não desistiu, se ofereceu para fazer parte do corpo médico do exército (Royal Army Medical) que prestava assistência as tropas e suas famílias.
Em 1918, Brown foi convidado por dois astrônomos britânicos a fazer parte da British Astronomical Association.
Brown se casou com Dorothy May Oldfield em 1923, e assumiram a fazenda que pertencia aos seus pais. No tempo vago, Brown investigava a zona rural de Suffolk, procurando vestígios romanos. Segundo o Oxford Dictionary of National Biography ele localizou oito edifícios medievais e assentamentos romanos usando apenas uma bússola e outras medidas. Ele participou da escavação do assentamento romano em Stanton Chair, e da descoberta na área de Wattisfield (onde foram descobertos fornos de cerâmica romana).
Ascensão
Após tantos estudos e experiências, o autodidata chamou a atenção do Ipswich Museum, da cidade de Suffolk. No momento que Edith Pretty, dono de terras, resolveu explorar o que havia em sua propriedade em Sutton Hoo, Inglaterra, o museu britânico não hesitou em recomendar Brown. Assim, no ano de 1938, o arqueólogo autodidata Basil Brown aceitou a missão de escavar as terras de Edith. Brown escavou três montes no terreno com a ajuda de funcionários da Sra. Pretty, abrindo uma trincheira entre eles com o intuito de observar prováveis diferenças na cor do solo, o que indicaria uma câmara ou túmulo. Então, foi possível constatar que haviam cemitérios arqueológicos, e que, mostravam sinais de roubo no passado.
Tesouros arqueológicos
Pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, começou a segunda temporada de escavações arqueológicas, Brown com seus colegas acharam rebites de um navio com mais de 25 metros de comprimento.
Tal descoberta tratava-se de um dos três únicos enterros de navios anglo-saxões na Inglaterra. O arqueólogo descreve a descoberta como “um achado para uma vida”, mas diante do terror da Segunda Guerra as escavações em Sutton Hoo tiveram que ser interrompidas. Os 263 artefatos que se encontravam no navio foram escondidos em um túnel subterrâneo de Londres durante a guerra. Entre os objetos estavam armas, fivelas, moedas, talheres e um capacete.
Com o fim da guerra, os objetos de Sutton Hoo foram analisados e parcialmente identificados como sendo itens do Império Bizantino e do Oriente Médio.
Mesmo aposentado, aos 73 anos, Basil Brown continuou as escavações arqueológicas até sofrer um ataque cardíaco em 1965. Mas foi aos 89 anos que ele veio a falecer, vítima de broncopneumonia.
Falta de reconhecimento
O autodidata teve seu trabalho pouco reconhecido, perante a grandiosa descoberta que impressionou o Reino Unido. O navio encontrado foi considerado o maior enterro de um navio anglo-saxão já encontrado na história da arqueologia.
Em 1950, o Museu Britânico exibiu os tesouros, mas o nome de Brown não foi colocado nos painéis de informações. Segundo a curadora-chefe da coleção “Sutton Hoo” do museu, Sue Brunning, não houve nenhuma conspiração para omitir o nome de Basil.
Fonte(s): BBC e History